15/04/2013

Venezuela: foi o melhor resultado



A estreitíssima vitória de Nicolas Maduro sobre Henrique Capriles foi dentro das alternativas possíveis a melhor coisa para uma futura transição democrática na Venezuela. Uma vitória por escassa margem da oposição provavelmente levaria a um auto-golpe do regime chavista com apoio de seu dispositivo militar ou confrontaria a Henrique Capriles com uma situação de ingovernabilidade. Uma vitória ampliada do chavismo sem Chavez fortaleceria o governo mais do que merece e poderia e desarticular a oposição e enfraquecendo Capriles que consegue lhe dar uma dimensão mais moderna e demarcada da velha oligarquia que dominou o país antes o advento do tenente coronel Hugo Chavez.

 O resultado deixa campo aberto a uma transição pactuada pois a tendência do chavismo sem Chavez é  ir perdendo terreno apensar de sua hegemonia institucional-militar. A tendência da oposição é vencer as próximas eleições parlamentares e presidenciais. O establishment chavista, tem grosso  modo,  uma grande escolha a fazer: pactuar e aceitar a hipótese de uma alternância no futuro ou partir para um confronto que no limite pode resultar em guerra civil. Com a presença de um setor pro-ditatorial nas Forças Armadas, uma enorme quantidade de armamento nas mãos de civis das “milícias bolivarianas” e a gigantesca onda de violência que acomete o país via criminalidade esse risco não pode ser subestimado.

 A Venezuela funciona no essencial como um petro-emirado. O consórcio AD-COPEI que controlou o país durante décadas manteve a renda do petróleo mais nas mãos da elite. Chavez “dividiu” o botim melhos pela via assistencialista-clientelista mas sua política de confrontação permanente e sua má gestão deixaram o país mais dependente que nunca dessa única atividade econômica. É improvável que o preço do petróleo caia acentuadamente a curto prazo. Mas também improvável que conheça um grande aumento a não ser em caso de guerra no Oriente Médio (o que sempre pode acontecer).

 A Venezuela terá que enfrentar seus problemas: criminalidade, inflação, monocultura petrolífera, desinvestimento, evasão de capitais e profunda polarização política e social pactuando e o resultado eleitoral é o mais susceptível de propiciar isso embora não seja certo que o faça. Pelo contrário, é incerto e a situação da alto risco.

 O Brasil, nesse momento, em vez de ficar unilateralmente apoiando incondicionalmente do regime chavista, como o faz o governo, deveria ser uma força facilitadora do diálogo e da pactuação entre o regime chavista e a oposição até porque turbulências e a riscos de guerra civil são cenários desfavoráveis aos nosso interesses e objetivos nacionais em âmbito continental.

Um comentário:

  1. Sirkis Como pessoa humana sempre acredito em posições que conciliem as aporias Que impeçam tragédias Por isto,gostei da sua postura neste ensaio político e a cada um a respobsabilidade por seus atos Que são diferentes de palavras Só consigo raciocinar dentro das lógicas de Estado de DireitoUm Grande Abraço Helenice Maria

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