Acabo e receber, em Pequim, a noticia da
reeleição de Obama. Conforme previ aqui, naquele último post desde Nova York, ele venceu a reeleição tanto no voto
eleitoral quanto no voto popular por uma margem bem maior do que o bom senso médio
jornalístico pretendia. A eleição mostrou o eleitorado norte-americano mas
consciente e portador de bom senso do que muitas vezes pareceria. As posições da
direita republicana sobre impostos, seguridade social, seguro saúde, política
externa, imigração, clima e costumes foram derrotadas e a tardia inflexão ao
centro de Romney, a partir do debate de Denver, acabou não enganando os incautos. O
resultado segue uma evolução na composição demográfica da população
norte-americana com uma coligação vencedora de mulheres, jovens, latinos e
negros que no futuro será cada vez mais representativa.
A bola está no pé de Obama. Deverá sobretudo
atacar problemas que não conseguiu no seu primeiro mandato. Internamente a reforma
da imigração, externamente o problema da paz no Oriente Médio e globalmente a
questão do Clima. Isso determinará se conseguirá de fato estar a altura das
expectativas que seus eleitores e seus simpatizantes pelo mundo afora nele
investiram ou se será prematuramente aquilo que os americanos definem como um presidente lame duck (pato manco).
Para prevalecer terá
que enfrentar resolutamente a direita republicana que conserva maioria na
Câmara e dois lobbies sinistros: o negacionista climático, cevado pelo carvão e
petróleo, e o da AIPAC que defende a direita israelense. Não é mais possível continuar permitindo a colonização desenfreada da Cisjordânia e a
opressão continuada ao povo palestina. É preciso dizer um rotundo não a Netanyahu.
Daqui há dois meses os eleitores israelenses
irão as urnas. Ainda é tempo para deter a reeleição do coligação de direita e
extrema direita de Netanyahu e Lieberman que só tem a prometer expansionismo,
opressão, racismo e guerra. Netanyahu cutucou a onça
com vara curta ao se empenhar a fundo na
campanha de seu amigo pessoal Mitt Romney e humilhar Obama mobilizando contra
ele o Congresso republicano. Espero
sinceramente que o troco está a caminho.
Na questão climática, não é possível que
depois do verão mais quente da história, do colapso da agricultura
norte-americana que ele provocou e de um
terrível furação agravado pelo aquecimento do oceano e por sua elevação, que
os EUA continuem reféns do negacionismo da direita republicana e dos lobbies do
carvão e do petróleo. Conforme berra a capa da revista de Bloomberg: “It’s the Climate,
stupid!”. É o Clima, estúpidos!
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