Estou em Nova York, desde quarta-feira. Cheguei no primeiro vôo da TAM depois que foi reaberto o aeroporto JFK. Foi inenarrável: demorei apenas vinte minutos para desembarcar, passar o controle de passaportes, retirar a bagagem e passar pela aduana! O aeroporto estava às moscas.
Estou em Midtown na, 55st, área próxima da Times Square e aqui tudo voltou ao normal com exceção do metrô que só tem duas linhas em funcionamento. No Lower Manhattan a coisa continua punk com falta de luz e áreas ainda alagadas. Me reuni com o pessoal da Clinton Foundation para falar de projetos sócio-ambientais.
O elefante das mudanças climáticas passou mais uma vez, este ano, em frente de Tio Sam. Já tiveram o verão mais quente da história e uma perda recorde na produção agrícola. Mas a campanha presidencial continuou passando ao largo do tema. Mitt Romney, debochando e Obama prestando o que aqui se chama de lip service (“conversa pra boi dormir”, seria a tradução mais apropriada embora pouco literal) ao assunto. Isso apesar da pesquisa da Universidade de Yale que mencionei aqui, há algumas semanas, que mostra os eleitores norte-americanos, inclusive parcela não negligenciável dos republicanos, considerando o assunto como relevante e preocupante.
Agora o elefante passou de novo e dessa vez pisando no pé de dezenas milhões de norte-americanos. Os candidatos novamente não falaram do tema. Obama atua bem como um presidente diante da catástrofe mas, até agora, não aproveitou a ocasião para mostrar a insustentabilidade da posição negacionista e desdenhosa de Romney sobre o Clima.
Quem aproveitou a deixa e anunciou o elefante foi o prefeito de Nova York, o cripto-republicano Michael Bloomberg: anunciou inesperadamente seu apoio a Obama com base à sua postura menos-pior sobre o tema. Ao fazê-lo colocou, emfim, o aquecimento clobal no mapa da campanha presidencial norte-americana. Golaço, Michael! Golaço!
Vamos ver se Obama, antes tarde que nunca, torna-se um pouco mais assertivo e Romney recua do negacionismo idiota que adotou, contrariando sua posição antiga como governador de Massachussetts, quando o admitia. É só ele levar a sério um estudo científico encomendado pelos seus diletos financiadores, os ultra direitistas irmãos Koch, cujo resultado reconhece cabalmente o essencial do que vem dizendo o IPCC.
Nesse momento, ao contrário do que a nossa imprensa noticia, a probabilidade maior é de uma vitória de Obama na terça feira. No processo de votação pelo colégio eleitoral, que é o que vale aqui, dos swing states Obama lidera em Ohio, Wisconsin, Nevada o que já lhe daria a vitória, com os 270 delegados necessários. Lidera ainda em Iowa e, por uma margem menor, na Virgínia e no Colorado. Romney lidera na Flórida, onde perdeu um pouco nos dois últimos dias, e na Carolina do Norte.
No chamado "voto popular" a imprensa brasileira vem noticiando uma vantagem de Romney mas o web site de análises de pesquisas no qual mais confio, o dá a vitória a Obama por uma pequena margem. Se valer meu palpite –se Deus quiser, cruzando os dedos— Obama ganhará em ambos. Deve manter a maioria no Senado e reduzir a desvantagem na Câmara. Terça feira veremos e vou acompanhar a eleição desde...Pequim.
Cenas da aproximação para o pouso. Nessa última foto as manchinhas brancas são lanchas empilhadas pelo furação |
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