A
novidade em relação às outras COPs foram os vilões. Antes eram sobretudo Arábia
Saudita, Rússia, Venezuela e o chamado grupo dos like-minded. Agora são
os EUA, de Donald Trump, a Austrália --ora em chamas--, de Scott Morrison e o Brasil,
de Jair Bolsonaro. Na verdade, o Brasil veio partido em 3 delegações: o grupo
do anti-ministro que pouco entendia do que estava sendo negociado e chegou para produzir factóides para a mídia
brasileira as suas redes sociais; o
Itamaraty, impotente, entrincheirado em velhas posturas como aquela da “dupla
contagem” e totalmente escanteado naquele papel de articulação que costumava exercer
e a delegação sociedade civil brasileira, dessa vez excluída, com gente
trazendo credenciais do Chile, do Egito e de uma pletora de entidades
internacionais para poder entrar na chamada “Zona Azul”.
Diferente de quase todos os outros países
cujos pavilhões eram dos governos, o nosso foi da sociedade civil, organizado
pelo Instituto Clima e Sociedade (ICS) e virou o ponto de encontro e debate dos
ativistas, cientistas, indígenas, governadores, prefeitos, parlamentares e
jovens, brasileiros e de outros países. Houve
certos avanços parciais: a Colômbia e a Indonésia conseguiram um Fundo tipo
Amazônia para eles. O nosso o governo Bolsonaro paralisou e descartou com
prejuízos bilionários. Os estados da Amazônia assinaram termos de cooperação
que podem ter resultado. Ajudei a articular um deles.
O fato mais positivo pode ter sido o anúncio da
União Europeia se comprometendo, unilateralmente, como uma meta de neutralidade de emissões em
meados do século no que pese a resistência da Polônia. Também avançaram no
estabelecimento de uma tarifa verde para importações. Mas a Europa não é
decisiva. A chave está nas mãos da China, Índia e EUA. O Brasil, Japão,
Indonésia e Rússia têm um peso significativo. Uma andorinha não faz verão...
As COP
sempre apresentam algum pequeno
progresso colateral e são um momento de encontro, debate e reverberação
da questão climática. Mas na questão central: redução significativa das
emissões para tirar o planeta da trajetória de 4,5 graus (inferno na terra) em
que esta embalada ou como financiar a descarbonização e a adaptação, estamos
empacados enquanto as consequências se descortinam aos nossos olhos e a
literatura sobre o tema torna-se simplesmente apocalíptica como uma leva de
livros novos similares ao que estou lendo, terrível, de David Wallace-Wells “A Terra Inabitável”. Meus
amigos, está punk.
Durante
os próximos anos não temos muito que esperar da imensa maioria dos governos
nacionais pateticamente paralisados quando não negacionaistas . A fresta de
caminho que reste é uma revolução no valor econômico que dê ao menos-carbono status do “novo ouro”. Há que trabalhar com os estados, regiões,
empresas, prefeituras e a mobilização da sociedade civil, sobretudo dos jovens.
Há que mobilizar centenas de milhões de pirralhas Greta para inundar as ruas do
planeta.
Uma rima
caminho de solução...
Imagens da COP:
Manifestação pelo Clima em Madrid |
Com senadores Contarato e Randolfe |
Encontro com Al Gore |
No espaço da sociedade civil brasileira |
Quase todos países tiveram seu pavilhão insitutído pelos governos. O Brasileiro foi do ICS congregando a sociedade civil. O anti-ministro passou de longe e de fininho... |
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