05/06/2019

Dia do Meio Ambiente: comemorando no necrotério


Comemorar o Dia do Meio Ambiente no governo Bolsonaro é como cantar parabéns pra você e assoprar velinhas de bolo de aniversário num necrotério. São tão múltiplos e generalizados os retrocessos já consumados e os pretendidos que pode-se afirmar que não estamos diante de um governo que subalterniza a questão ambiental e a climática por favorecer esse ou aquele interesse econômico ou política imediatista, como soe acontecer no Brasil e em outros países. Aqui estamos diante de algo diferente: trata-se de uma patota que odeia a ideia de preservação da natureza e defesa do Clima por razões idiossincráticas que supõe ideológicas.

 A presidência não ensejou ao Jair uma necessidade de maior reflexão e informação sobre variados temas. Ele se manteve orgulhosamente ignorantão, na linha daquele velho ditado: “não sei, não quero saber e tenho raiva de quem sabe”. Continua a tomar conhecimento dos assuntos “de orelhada” de um entorno próximo que compreende os filhos, o guru e mais um ou outro amigo ou assessor “de confiança”. São poucos. É mantido numa redoma fantasista, mitômana e maniqueísta.

 Na sua cabeça,  defesa do meio ambiente e do clima são “coisa de comunista”, identifica com a esquerda algo que teve no Brasil percursores como o marechal Cândido Rondon, que defendeu com afinco os índios,  o major Archer que fez o maior reflorestamento urbano do mundo, o almirante Ibsen e muitos outros militares e civis conservacionistas e conservadores. Na Europa a pioneira da luta contra a mudança do clima foi a Margareth Thatcher, por exemplo. 

 Só nos EUA por força do dinheiro do lobby cavoeiro, que financia o partido republicano com os irmãos Koch como seus grandes financiadores, pode se dizer que construiu-se, nos anos 90,  uma hegemonia do anti-ambientalismo e do negacionismo climático dentro da direita republicana, algo que não acontece na Europa.

 Nesses poucos meses de governo aloprado foram desmoralizadas as instituições ambientais de comando e controle (o desmatamento esta subindo vertiginosamente, aguardem nos números!); os colegiados que permitem o funcionamento de organismos que trazem recursos –a fundo perdido—para o país, como o caso do Fundo Amazônia; está em curso uma tentativa de destroçar o Código Florestal e acabar com a reserva legal e são diários os episódios e ostensivo desprezo pela questão ambiental.


 A curto prazo, dá para ser muito pessimista. Não parece haver limite  no que eles farão para arrancar o verde da nossa bandeira.

 Mas não há mal que dure para sempre a hora é de serenamente organizar a resistência, rever os erros táticos e estratégicos tão frequentemente cometidos pelos ambientalistas, retirar a questão ecológica e climática da polarização esquerda-direita, promover novos encontros, novas articulações e privilegiar o espaço subnacional, local, empresarial e a mobilização dos jovens. Não é o caso de dizer “não passarão” porque já passaram. Mas é o caso de  dizer “não prevalecerão” porque a ampulheta da história já foi virada e agora a sua areia escorre contra. Até porque é areia demais para o seu caminhão desgovernado e sem freios.

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