Minha homenagem a Woliski, 80 anos, o decano dos cartunistas franceses. |
Vivi bons anos em Paris e costumo dizer que
depois do Rio é a cidade que melhor conheço (pau a pau com Lisboa onde morei
quatro anos). Charlie Hebdo, junto
com Le Monde, Libé –meu primeiro
emprego como jornalista-- e o Nouvel Obs eram as publicações que lia
diária ou semanalmente. Nos anos 70 havia terrorismo em Paris, lembro-me do
famoso venezuelano Carlos (Vladimir Ramirez) matando dois agentes da DST depois de ter colocado uma bomba no metrô,
mas um massacre de uma redação inteira como a do hebdomadário satírico
--contemporâneo do nosso Pasquim-- é um
patamar novo da barbárie.
O djihadismo da Al Qaeda e do ISIS
--ideologicamente são parecidos, tem rivalidades meramente políticas-- é totalmente irreconciliável com qualquer
visão civilizada: genocídio de comunidades inteiras como a dos “yasdis” no
Iraque, escravização de mulheres, doutrinamento e utilização militar de
crianças, total desprezo e ódio por qualquer expressão que não seja seu
salafismo tosco do primeiro milênio o que talvez nem seja tão exato assim pois
o islã no seu auge, na época de Avaroes, era moderno e iluminado.
O significado dessas forças políticas do mundo
islâmico é de algo correlato com o nazi-fascismo. Um mal absoluto contra o qual
se justifica plenamente o uso da força. No que pesa a enorme contribuição que
os EUA deram para a sua expansão com a absurda e idiota invasão do Iraque, em
2003, por George W Bush, a atual ação norte-americana contra o Estado Islâmico
do ISIS no Iraque e na Síria se justifica da mesma forma que a ação da França
no Mali. O fenômeno djihadista no Oriente Médio, Africa e sul da Ásia deve ser
combatido implacavelmente mas nunca se deve perder de vista que a questões
política, econômica, social e cultural
são tão importantes quanto a dimensão militar e policial.
Como os nazistas os djihadistas são ridículos
e devem ser ridicularizados. Há que se criar um, dois, dez Charlie Hebdô, todos
devemos ser Carlies Hebdô. Os fanáticos serão vencidos e afogados num mar de
gargalhadas.
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