Os chineses acabam de obter uma vitória
importante com o recuo das medidas protecionistas na União Europeia. De fato
não havia sentido proteger uma indústria local pouco competitiva faz mais
sentido associar-se aos chineses na viabilização econômica do solar e descobrir
dentro dele o nicho onde se pode ser competitivo. Por exemplo: baterias de alta
capacidade ou inversores supereficientes. O mesmo vale para o Brasil. Penso que
a melhor política seria suprimir o IPI sobre os “wafers” solares desde que
importados como insumo para a montagem dos painéis aqui e descobrir dentro da
cadeia do solar onde podemos ser competitivos. Não faz sentido um protecionismo
linear, burro.
O Brasil
tem uma insolação privilegiada e abundante disponibilidade de silício de boa
qualidade mas ficou deitado em berço esplêndido enquanto Alemanha, Espanha, EUA
e China investiam e competiam. Ficamos vergonhosamente para trás. Não há mais
tempo para reinventar a pólvora e nos tornarmos competitivos em painéis.
Precisamos encontrar outros nichos. Também não cabe adotarmos as tarifas feed-in
que remuneram o solar até quatro vezes mais que o preço da energia
convencional.
Precisamos dispor de redes
“inteligentes” capazes de receber a produção solar de telhados e fachadas,
medi-la e abatê-la da conta de luz do consumidor. As concessionárias deverão
ter que comprar pelo mesmo preço que lhe vendem. Precisamos estimular o solar
em prédios públicos, equipamentos e edificações de apoio da Copa do
Mundo, Jogos Olímpicos e, combinado com o aquecimento solar da água,
em programas de habitação.
Avançou-se algo na regulamentação da ANEEL que
deu marco legal à chamada geração distribuída, a possibilidade de consumidores
residenciais, industrias, comerciais e institucionais geraram energia solar nas
suas instalações e venderem para a concessionária. Ainda há bloqueios como a
mal resolvida questão da geração condominial --o desconto da "venda" de energia distribuída podendo beneficiar apenas o mesmo CNPJ que a produz-- a cobrança de ICMS e o “corpo
mole” das próprias concessionárias no cumprimento de suas obrigações em relação
ao chamado smart grid a rede elétrica
capaz de receber e não apenas distribuir energia.
Há também um estrangulamento em termos de mão de
obra, pouquíssimos técnicos habilitados a fazer essas instalações solares.
Milhares de empregos poderiam ser gerados no futuro próximo em torno de uma
atividade que demanda mão de obra abundante. Ano passado fiz uma emenda
parlamentar para o SENAI poder fazer um curso nesse sentido que foi bicotada
pelo ministério de Minas e Energia. Esse
ano aguardo melhor sorte com outra a ser feita pelo ministério do Meio Ambiente
mais simpático ao tema, em parceria com a COPPE e o Centro Brasil China.
Vamos
deixar o sol brilhar, energeticamente, também para nós?
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