Meu blog anterior gerou algumas críticas de que não fui suficientemente enfático na condenação da violência policial --particularmente em São Paulo-- que generalizei na crítica à "inconsequência" dos manifestantes e que, na verdade, a reivindicação de gratuidade não era a grande bandeira e sim a má qualidade dos transportes.
Não fiz da brutalidade da PM de São Paulo, na manifestação de quinta-feira --no Rio não houve uma repressão indiscriminada-- o "aspecto principal" porque minha influência sobre o aparelho policial paulista é próxima de zero. Minha influencia sobre ativistas da causa de melhores transportes, socialmente mais justos e ambientalmente mais sustentáveis, conquanto muito pequena, certamente é um pouco maior. Por isso dedico mais espaço aos "nossos" erros que a brutalidade da policia paulista. Aliás, amplamente denunciada pela imprensa.
É preciso pressionar particularmente o governador de São Paulo, Geraldo Alkimin, para que a PM cesse a agressão indiscriminada e, particularmente, o uso generalizado de balas de borracha. Seu emprego deve ser altamente seletivo pois podem cegar ou matar e vêm sendo ultilizadas de forma irresponsável e criminosa atingindo manifestantes pacíficos, jornalistas e fotógrafos.
Resumo da ópera: Uma série de manifestações sem intenção de violência --mas também sem a garantia de um serviço de ordem capaz de protege-las dos vândalos e provocadores-- passou a ser frequentada pelos ditos cujos que pela sua ação desviaram o tema da discussão dos transportes para a porrada.
Os vândalos atraíram para o movimento a repressão policial. Inicialmente ela teve uma intensidade moderada mas na quinta feira --aparentemente pela repercussão do quase linchamento de um PM em frente ao TJ, na passeata anterior e de um certo tom da TV-- parte do dispositivo policial paulista promoveu uma repressão feroz e generalizada.
Uma explosão em mais larga escala como se prenuncia para a próxima semana só trará mais sofrimento às pessoas, nenhuma melhoria. Quem convoca manifestações tem obrigação de organizar também um "serviço de ordem" para garantir que não desbordem. Não adianta depois pretender que "não podemos controlar o povo".
Há grupos que aproveitam as manifestações para praticar a violência porque gostam de fazê-lo. Se ela continuar a se expandir exponencialmente daqui a pouco vamos ter o PCC aproveitando para se infiltrar nos distúrbios e passar a alvejar os policiais. Seria da lógica recente deles faze-lo...
Há grupos que aproveitam as manifestações para praticar a violência porque gostam de fazê-lo. Se ela continuar a se expandir exponencialmente daqui a pouco vamos ter o PCC aproveitando para se infiltrar nos distúrbios e passar a alvejar os policiais. Seria da lógica recente deles faze-lo...
Por isso devemos tentar acalmar os ânimos e propor formas de luta que não conduzam ao agravamento dos confrontos pois deles nada de bom advirá.
Mais conteúdo e consequência à mobilização
Precisamos de uma crítica sistêmica e não de uma reivindicação que cheire a "boca livre" estudantil. A tradição da luta por "meia passagem" é, nesse sentido, negativa porque esse tipo de subsídio deve se destinar a gente pobre que de fato necessite e não a jovens de classe média ou bem de vida.
A crítica deve ser sistêmica ao modelo de transportes. Não vamos sofismar,
"Movimento Passe Livre" que é a marca paulista do movimento, quer
dizer gratuidade e isso é uma balela. A tarifa de tansporte coletivo sempre será paga pela população de uma ou outra
maneiram por tarifa ou imposto.
Alguns pontos que o movimento poderia reivindicar:
1 - ampliação do prazo dos bilhetes únicos intermodais e criação de um vale-transporte para trabalhadores da economia informal em certas condições e contrapartidas;
2 - levantamento e divulgação de planilhas das empresas de ônibus;
3 - uma campanha pela internet dando "notas" a cada ônibus, cada rota e cada empresa;
4 - ouvidoria para os serviços de ônibus com monitoramento dos mesmos em tempo real e possibilidade de intervenção rápida (um motorista que cometa uma barbaridade no trânsito ser imediatamente identificado e sancionado no ponto final);
5 - ampliação substancial dos sistemas cicloviários (particularmente SP onde hea muito pouco e desconexo) e da oferta gratuita de bicicletas pagas pela publicidade;
6 - implantação da 'taxa de congestionamento' mediante um pedágio urbano eletrônico precificada também em relação ao padrão do veículo e suas emissões;
7 - fim de subsídios à industria automobilística mantendo-se apenas os para veículos elétricos e híbridos alcool-eletricidade.
Convem também modificar as formas de luta que deveriam ser minimamente inovadoras, diferentes. Passeatas em horário de rush, em área central, sem planejamento nem serviço de ordem organizado são um convite aos vândalos que descaracterizam o movimento.
A passeata com quebra-quebra e dano objetivo à população é algo jurássico, pouco didático e será certamente contra-producente salvo para os que acreditam em violência como caminho, no quanto pior, melhor.
A passeata com quebra-quebra e dano objetivo à população é algo jurássico, pouco didático e será certamente contra-producente salvo para os que acreditam em violência como caminho, no quanto pior, melhor.
Melhor seriam grandes bicicleatas com alegorias, em horários mais apropriados ou no final de semana e ações simbólicas "marcando" tapumes de obras rodoviaristas com seu custo comparativo ("esse viaduto vale tantos vagões de metrô") e outras formas alternativas de protesto e pressão.
É preciso fazer algo diferente em relação ao que já se fez trocentas vezes e nunca surtiu efeito algum para prover nossas cidades de um transporte de melhor qualidade, socialmente mais justo e ambientalmente mais equilibrado.
Por isso
devemos tentar acalmar os ânimos e propor formas de luta que não conduzam ao
agravamento ainda maior dos confrontos pois deles nada de bom advirá. Quando
falamos apenas para nós mesmos não percebemos exatamente como a população reage. Anteontem
andei pelo Centro do Rio e percebi uma certa hostilidade população contra esse movimento que, no Rio, aliás, é bem menos numeroso e
com menos episódios violentos que em SP.
Sinceramente duvido que neste momento a maioria dos paulistas responsabilize o Alkimin ou o Haddad --que assumiu faz pouco tempo-- pelo engarrafamento monstro ou pelas lufadas de gás que padece na volta do trabalho. Tende mais a culpar "os baderneiros" igualando assim os que protestam em torno de questões justas com os que surfam o protesto para promover quebra-quebras.
Independente de gostar ou não dos governantes o povo odeia "bagunça". Quem não percebe isso pode fazer política grupuscular mas dificilmente estabelece uma interlocução com segmentos maiores como pareceria ser nossa intenção na Rede.
O grande perigo é sempre se isolar da população. Esta na verdade pagaria de bom grado
vinte centavos a mais se o serviço tivesse um mínimo de qualidade. O que
precisa ser questionado é o sistema de mobilidade que não depende apenas das
corruptoras empresas de ônibus mas de todo um modelo de total prioridade ao transporte individual onde o automóvel reina soberano e atrai a parte do leão dos
investimentos.
Sirkis,no meu parco entendimento todo mundo que paga imposto já paga o transporte Não entendi nada Um Abraço Helenice Maria
ResponderExcluirEu já corri de balas de borracha em 81 Amei ver todo mundo na rua!!A gente discutia se bala de borracha poderia ser fatal ou não!!!Mas agora acho que se os usuários,em lugar das passeatas,pararem de usar os ônibus as empresas terão que diminuir o preço Andei toda a minha adolescência de bicicleta Maria
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