09/04/2013

Insanidade no Alto Gávea





A longa experiência das lutas e da gestão urbana e ambiental no Rio de Janeiro me deixou com um certo pé atrás em relação a mobilizações de vizinhos contra empreendimentos no lote do lado. Frequentemente são pressões egoístas para se livrar do incômodo natural de empreendimentos perfeitamente legais e legítimos do ponto de vista do crescimento normal de um cidade em bairros que já contem uma série de medidas restritivas. Isso é bastante acentuado na zona sul onde praticamente é impossível um prédio novo sem esse tipo de oposição. Esse certamente não é  o caso da presente mobilização dos moradores da Gávea.

 A causa ali é absolutamente justa. O que se quer fazer na rua Carlos Taylor é uma completa insanidade do ponto de vista de impacto ambiental, de vizinhança e de risco geotécnico. 

Veja o vídeo:



 Um proprietário há muitos anos tenta (e agora ficou próximo de conseguir) abrir uma via morro acima que lhe permitiria ter acesso à mansão que pretende construir no alto. Para tanto, no entanto, precisa remover uma grande rocha que fica junto à calçada naquela rua estreita e pacata,  e abrir caminho pirambiera acima devastando quase duzentas árvores e vegetação, inclusive de margem de riacho.

 O mais grave é o impacto de vizinhança –que no caso não carece de um estudo específico, é obvio e ululante--  e o futuro risco de deslizamentos de terra diretamente sobre o muro de arrimo de um dos prédios próximos. O impacto ambiental na área florestal rica em flora e fauna é intenso. Sei que no passado ocorreram, nas vizinhanças, situacões similares --o condomínio por mim embargado e liberado pela Justiça na rua João Borges, por exemplo--  mas hoje esse tipo de coisa não é mais admissível.

 A solucionática parece ser: ou bem o potencial devastador em questão se acerta com o vizinho acima para uma servidão de uso que lhe dê acesso --há um certo consenso entre os moradores que o problema maior não seria a casa mas o acesso a ela-- ou bem  a área é declarada não edificante (já há vereadores trabalhando nisso) e se parte para uma desapropriação (sugiro em CEPACs).

 Não entendo como foram concedidas as licenças para a abertura da via e corte de tantas árvores. Também não entendo a não objeção do Instituto Chico Mendes, já que a área faz parte do Parque Nacional da Tijuca e da Mata Atlântica. A princípio, atribuo isso a um processo de licenciamento que se limita ao exame nas plantas sem uma visita adequada ao local nem um exame de imagens de satélite, aéreas e locais que demonstram o óbvio: aquilo ali simplesmente não dá para ser feito! Constitui uma insanidade ambiental e urbanística! E não passará.
A área



A fauna...

A rocha



A rua

O muro de arimo
Desmatamento preliminar

O protesto


Um comentário:

  1. Sirkis Será que a especulação imobiliária poderá alterar,como proposta de um modo de produção os ecossistemas!!!!Minha Pergunta!!!!Abraço Helenice Maria

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