Bola pra frente... |
Tivemos, na semana retrasada, uma longa conversa,
em São Paulo, na qual lhe coloquei a
maior parte das minhas dúvidas, preocupações e questionamentos. Sem termos
superado todas essas questões avançamos em boa parte delas, sobretudo em
relação à nossa colocação num campo político-programático realista e tolerante,
não-sectário e distante de visões econômicas atrasadas ou estapafúrdias. Encontrei-a
identificada com aquele nosso discurso amplo e inclusivo da campanha de 2010.
Em relação ao partido e à campanha
presidencial pedi-lhe o prazo de uns dez dias para que eu tivesse a
oportunidade de conversar com algumas pessoas, para mim importantes, antes de
decidir se iria acompanha-la. Conversei pessoalmente ou pelo telefone com Fabio
Feldmann, Fernando Gabeira, Sérgio Xavier, André Esteves, meu filho (e consigliere) Guilherme, Marco Mroz,
presidente do PV-SP, o deputado Zequinha Sarney(PV), a deputada Rosane(PV) o
governador de Pernambuco, Eduardo Campos
e meus colegas deputados Reguffe(PDT),
Walter Feldman(PSDB), Dutra(PT) e Tripoli(PSDB).
Ontem, junto com estes últimos quatro, estive com Marina Silva em sua casa, em Brasília, para lhe
dizer que vou participar do esforço de criação desse novo partido cujo nome
propus ser ECO BRASIL, REDE ECO
BRASIL ou, simplesmente ECO.
Enquanto não sair o registro desse novo
partido permanecemos nos nossos respectivos partidos de origem e, no meu caso, no PV. Fui
fundador do PV, redator do seus manifesto e programa, presidente nacional durante
oito anos, candidato à presidência da república, em 1998, vereador por quatro
mandatos e deputado federal. Deixei a vice-presidência nacional e a presidência
estadual do Rio em protesto contra a situação que levou a saída de Marina, em
2011. Fui cartorialmente expurgado da executiva nacional e implacavelmente
perseguido e isolado. Após a saída de Marina, permaneci o no PV e, dentro de
certos limites de dignidade, procurei
algum caminho de diálogo, inutilmente. Não voltarei mais às questões que
levaram ao conflito. Na nova situação é preciso deixa-lo para trás e elas deixam de ter tanta importância particularmente
quando desmistificamos o instrumento “partido”.
Enquanto o sistema eleitoral brasileiro e a
cultura política por ele engendrada e reproduzida perdurar é praticamente
impossível termos partidos como sonhamos: instrumentos programáticos e
ideológicos, escolas educadoras de partes da sociedade, correntes mobilizadoras
em torno de ideias e ideais. Provavelmente
morreremos tentando outra coisa mas hoje não é assim. A política brasileira como
ela é engendra partidos de características individualistas, fisiológicas e clientelistas. Ela
contaminou os dois partidos de esquerda
programáticos dos anos 80: o PT e o PV. Não estou seguro que um novo partido
não terá, num certo prazo, os mesmos velhos problemas, embora se possa criar certos mecanismos para evitar ou atenuar isso de alguma forma.
Muito mais que pela ilusão do partido ideal, a minha decisão passa por uma identificação prática de onde eu possa atuar com maior consequência, de onde me seja mais
produtivo e, sim, mais gratificante, atuar. No meu caso, especificamente, penso que
é ajudando a construir algo novo.
Não estou estimulando ninguém do PV a me
acompanhar individualmente muito menos liderando alguma dissidência. O PV continua
a ser programaticamente o mais avançado dos partidos brasileiros, foi o único a
votar, de forma unanime, em defesa do Código Florestal. Penso que
futuramente poderemos nos reencontrar numa frente. Ela torna a convivência mais
fácil que as disputas de poder dentro dos partidos. Uma frente
política ecologista em torno da sustentabilidade, é fundamental com vistas a 2014. Vejo
lideranças importantes, que permanecem no PV, a começar por Gabeira, defendendo essa mesma perspectiva.
Com 62 anos, dois stents cardíacos e 44 anos de política nas costas não posso mais me
iludir nem muito menos querer iludir os outros. Partido político no Brasil, no
atual sistema eleitoral, é um instrumento cartorial/institucional para permitir
a participação na política formal, real. Frente, será o somatório de partidos
para viabilizar uma candidatura presidencial que expresse nossas ideias e programas.
Mas
o instrumento mais estratégico é a Rede.
Preferia que o novo partido não se chamasse “rede”
por uma questão de precisão semântica. Partido não é rede, é parte. O que propugno como “a rede” é um sofisticado
e altamente informatizado instrumento de intervenção na política brasileira,
destinada a transforma-la a longo prazo formando, valorizando, promovendo e
ajudando lideranças políticas em todo o Brasil, independente de partido ou
alinhamento em candidaturas presidenciais.
É um trabalho que necessariamente perpassa
tudo isso e começa por identificar quem possa ser um bom vereador, um bom
prefeito, um bom deputado estadual, federal, etc. pelo Brasil afora. Precisamos aprender com a experiência multi capilar, altamente informatizada e estruturada via redes sociais, dos EUA onde a mobilização do eleitor para
votar no seu distrito é essencial. Sermos capazes de detectar nos mais de 5 mil
municípios brasileiros gente ética, identificada com um programa mínimo de sustentabilidade
e oferecer-lhes uma fada madrinha: cursos
de formação, em vários níveis, apoio estratégico e material de campanha e,
depois, no caso dos prefeitos, auxílio para uma gestão que tire do papel as ideias. É um trabalho que Guilherme Leal iniciou e que considero promissor.
Na medida em que cogito seriamente deixar a
política parlamentar/eleitoral ao final desse mandato, me fascina a perspectiva
de realizar esse tipo de trabalho que, na ausência de uma reforma política --daquele mato não sai cachorro, a não ser para pior!-- é o único caminho para tentar começar a mudar
a política brasileira em benefício, possivelmente, da geração dos nossos filhos e, quiça, netos.
Insisto que essa rede perpassa partidos e
campanhas presidenciais pois o “bem” na política brasileira não está
concentrado no partido “x”, “y” ou “z”.
Evidente há partidos que concentram o mal mais que outros... Em termos práticos jamais quero perder a
ligação e a capacidade de interagir solidariamente com um segmento do PT, que no parlamento representa cerca de metade
da sua bancada, que que esteve junto
conosco nos embates do Código Florestal.
Penso que uma relação próxima com o governador Eduardo Campos é importante
pois dos quadros da chamada “grande política” é, sem dúvida, o mais próximo e permeável às nossas
ideias. Há excelentes quadros em partidos como o PPS, PSB,
o PSOL e vamos encontrar individualmente políticos com atuação positiva em
diversos outros partidos: PSDB, PP, entre os evangélicos, e por ai vai.
Dentro
da máquina governamental, nos executivos federal, estadual e municipal há
milhares de quadros que se identificam com a visão de sustentabilidade e querem
políticas inovadoras. Na sociedade civil, que cada vez mais se estrutura em
redes sociais, há um imenso potencial de absorção de uma nova cultura.
Hoje já existem ferramentas para mapear,
classificar, analisar e traçar estratégias de apoio a todo um universo
multifacetado, progressista, que pode
fazer o Brasil avançar e, pouco a pouco, superar seu enorme marasmo político
e cultural, ao mesmo tempo que preserva
e aprofunda as conquistas sociais das últimas duas décadas. Há ferramentas que
permitem um processo de consulta, participação cidadã e deliberação numa escala
nunca d’antes vista. Há espaço para constituir massa crítica para superar,
gradualmente, o peso morto da velha política brasileira como ela é hoje.
Gostaria de implementar a construção do novo partido político em minha Cidade, Duque de Caxias-RJ. Sou Teológo, Pedagogo e atuo na área de Ass. Social ha 25 anos, na área educacional há 15 anos e atuo como Pastor há 17 anos e como ambieantalista há oito anos.
ResponderExcluirSou nascido e criado em Duque de Caxias, tenho 45 anos e atualmente me encontro filiado ao PV, da qual faço parte da Executiva.
Gostaria de implementar a construção do novo partido político em minha Cidade, Duque de Caxias-RJ. Sou Teológo, Pedagogo e atuo na área de Ass. Social ha 25 anos, na área educacional há 15 anos e atuo como Pastor há 17 anos e como ambieantalista há oito anos.
ResponderExcluirSou nascido e criado em Duque de Caxias, tenho 45 anos e atualmente encontro-me filiado ao PV, da qual faço parte da Executiva.
Fiz ardua campanha em minha cidade em prol de Marina Presidente e compartilho com todos os pensamentos explicitados nesse blog.
Edmilson Martins
Se querem uma política inovadora, sugiro que façam como outro partido em gestação, o NOVO. Eles levantam a bandeira da renovação/oxigenação na política e, já no Estatuto, vedam que seus políticos se reelejam sucessivas vezes para o mesmo cargo (no máximo uma reeleição).
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