Faltou, porém, uma visão
maior para uma cidade que vai viver agora talvez os quatro anos mais
importantes em muitas décadas, passadas e futuras. Sua entrevista foi do gestor da
prefeitura e não de um líder visionário da cidade que vai sediar os Jogos
Olímpicos de 2016, com suas numerosas oportunidades e seus perigos (sobretudo
no pos-festum). Foi um discurso reativo, defensivo, justificativo. Eficiente, enquanto tal, mas sem uma dimensão maior. Claro, Paes foi pautado pelas perguntas dos jornalistas,
mas, ainda assim, poderia ter ido mais longe, colocado questões e propostas para
além da simples continuidade.
Não vi uma análise
econômica dos riscos e oportunidades do Rio nem uma antecipação dos problemas
futuros. Os endógenos e os que podem resultar de uma crise mais geral. A bonança econômica do país já está decaindo
junto com a crise mundial. Aqui no Rio vivemos uma “bolha” nos preços dos
imóveis e nos preços em geral que tende a estourar em algum momento. Há um
esforço importante para revitalizar o centro e a área portuária mas, ao mesmo
tempo, os investimentos privados e públicos na Barra continuam predominando. É
vital para o sucesso da área portuária atrair uso residencial de classe média
mas não se vislumbra uma estratégia clara de como conseguir isso.
Na Barra, Recreio e Vargens os problemas criados pelo modelo urbanístico modernista só irão se agravar. Na questão de mobilidade, sobretudo. Não adianta agregar mais uma pista de carros ao elevado do Joá. É preciso implementar a conexão hidroviária Barra-Centro e dar navegabilidade aos rios, lagoas e canais da região, conforme propusemos no projeto Veneza Carioca que Aspásia agora está propugnando.
Na Barra, Recreio e Vargens os problemas criados pelo modelo urbanístico modernista só irão se agravar. Na questão de mobilidade, sobretudo. Não adianta agregar mais uma pista de carros ao elevado do Joá. É preciso implementar a conexão hidroviária Barra-Centro e dar navegabilidade aos rios, lagoas e canais da região, conforme propusemos no projeto Veneza Carioca que Aspásia agora está propugnando.
Paes se saiu
espertamente bem do questionamento em relação à COMLURB e o minúsculo percentual de coleta
seletiva na Cidade dizendo que avançou ao fechar Gramacho e ativar Seropédica.
Faltou reconhecer –como já o fez em
particular—que essa não era a melhor solução. Tecnicamente a melhor era
Paciência, politicamente detonada pelo lobby das empresas que perderam a
licitação. Agora estão todas “compostas” mas há um prejuízo duplo: Seropédica é mais
caro e fica noutro município o que é uma vulnerabilidade em potencial. O aterro
tem problemas ambientais não resolvidos e, finalmente, a implantação de
Seropédica em nada obstaculizaria um avanço na coleta seletiva se isso fosse
tratado como prioridade.
O prefeito sabe que
existe uma cultura anti-coleta seletiva na COMLURB, já antiga. Como secretario
de meio ambiente ele se chocou seguidas vezes com isso mas, como prefeito, não
quis mexer no vespeiro. A COMLURB é vítima do próprio sucesso. É muito eficiente no que faz: recolher e
transportar lixo e fazer a limpeza pública de uma cidade onde a população ainda
é tremendamente deseducada em relação ao seu lixo. A Av Rio Branco é varrida doze
vezes por dia!
São alguns exemplos. Uma campanha deveria ser um momento não apenas para justificar os quatro anos passados mas para fazer vislumbrar o que se preternde para os
quatro anos futuros. Em relação a essa segunda tarefa a entrevista de Paes a O
Globo, deixou-nos com poucos elementos. A chance de crescimento da
candidatura Aspásia está nesse ponto. A Cidade espera uma oposição séria,
realista, propositiva. Radical no sonho, não no protesto.
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