03/08/2012

O debate na Band


 Foi um debate chato, me desculpem os candidatos. O prefeito, sem muito brilho,  ganhou por pontos dentro da sua posição estratégica peculiar: perder o menos possível num debate onde todos estão contra ele, manter uma rejeição que é relativamente baixa para um governante em exercício e ficar martelando o que fez e o que pretende fazer.  A verdade é que não tem  rival  sério disputando de fato a prefeitura. Otávio e Rodrigo estão acumulando forças para sua reeleição mais confortável à Câmara, em 2014. Freixo também segue uma estratégia de acumulação pessoal e partidária.

 Se quisesse de fato governar uma grande cidade brasileira e colocar em prática suas ideias teria permanecido na sua cidade, Niterói, para disputar uma eleição com chances reais de vitória dado o desgaste de Jorge Roberto Silveira. Preferiu transferir seu domicílio eleitoral para o Rio e tentar ocupar o espaço do eleitorado de classe média crítica, ser o “cavaleiro andante” da vez. Depois do prefeito foi quem foi melhor se saiu no debate da Band ao se colocar com mais eficácia como  contraponto de Paes embora evidenciando, para aquele telespectador que conheça melhor as questões da cidade,  consideráveis limitações e com frequência –mas não o tempo todo--  aquele discurso simplista e panfletário da extrema-esquerda.  Na sua fala final ele evocou claramente a motivação básica de sua candidatura ao falar do partido e da necessidade de reeleger seus dois vereadores.

 A grande maioria dos eleitores cariocas não tende a votar em quem está apenas desincumbindo uma “missão partidária” ou uma promoção pessoal,  vota em quem de fato  quer ser prefeito, mostra tesão por isso e, claro, mais  preparo, experiência e equipe.  Foi isso que deu a vitória apertada a Paes na eleição anterior. Conquanto exista na classe média carioca o voto “cavaleiro andante”, que chegou ao seu limite em 2008, o voto majoritário é bastante pragmático e realista. Pergunta simplesmente:  quem é o mais talhado para prefeito? Isso é especialmente forte nas zonas norte e oeste que dependem mais da prefeitura do dia a dia.

 De qualquer forma,  Freixo se destacou mais que Rodrigo e Otávio na postura de oposição ao prefeito atual. Os dois parecem ter renunciado à luta pelo segundo lugar, no que pese a vantagem que terão no tempo de TV. Rodrigo seguiu disciplinadamente um script traçado pelo pai e busca o voto corporativo de segmentos: camelôs, vans, funcionalismo. Tem claramente uma estratégia que faz sentido para somar votinhos. Otávio é presencialmente mais simpático embora tematicamente mais errático. Parece estar feliz apenas por estar lá. No vídeo passa mais simpatia e segurança que Rodrigo, bastante nervoso, provavelmente  pressionado  pelas sombras do pai e, agora, do novo aliado Garotinho, dois debatedores muito preparados, cada qual no seu estilo. Sua vice, Clarissa, certamente se sairia melhor num debate televisivo desse tipo pois tem um talento político e de comunicação inatos.

 Aspásia corre numa faixa própria. Sua tarefa é afirmar as ideias verdes e de sustentabilidade, mostrar o que os verdes já realizaram na cidade no campo executivo e legislativo e aproveitar o recall das campanhas de Gabeira e Marina, no que pese o lastro de desgaste da crise do PV*. Ela também tem um campo considerável para mostrar sua biografia no serviço público e sua condição de única mulher nessa disputa. Nesse primeiro debate ela teve dificuldades: estava gripadíssima, com conjuntivite. O desgaste físico pesou muito, sobretudo no início.  Teve dificuldades em encontrar “sua” a câmera e alguns telespectadores tiveram a impressão de que estava lacrimejando. Seus olhos estavam muito vermelhos.

  Ela foi melhorando no decorrer do debate e sua na última intervenção foi a melhor de todos no que pese ter sido interrompida no meio da frase final pela implacável Mariana Procópio. Ela precisa pegar melhor o timing da TV e uma linguagem mais narrativa que declaratória da TV, que é uma dificuldades que quase todos os outros também têm. De uma forma geral o debate da Band não terá maiores consequências. Sua audiência ficou na casa de 1 ponto e só pessoas muito politizadas --essa tendem a já te uma definição de voto consolidada--  assistiram até o final. 



*a fatura da crise envolvendo a saída da Marina e meu expurgo fica clara na da pesquisa Data folha. Nas eleições de 2008 e 2010, nesse período a simpatia pelo PV na cidade ficava pelos entre 6% e 7%. Está em 2%...

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