24/06/2012

Rio Clima, o balanço final



 O saldo é muito positivo. Veio gente de alto nível de 14 países com destaque para a atual e  ex-secretário executivos da UN FCCC Christiana Figueres (filha do legendário Pepe Figueres, presidente da Costa Rica e líder da revolução de 48, a única revolução com happy end...) e  Ivo de Boer (cujas lágrimas de raiva comoveram a COP 15, em Copenhagen), a Changua Wu, uma figura em ascensão na China; o Yossi Beilin, ex-ministro da Justiça de Israel e art ífice da Iniciativa de Genebra; a Laurençe Toubiana, que deve jogar um papel influente na era Hollande; o Kaushik Deb, um economista hindu do setor privado, muito safo; o Andrew Steer, um dos cardeais do Banco Mundial; o Tom Heller, homem de meio ambiente do George Soros; o David Jhirad, um economista indiano-norte americano próximo do Clinton e um primeiro time de brasileiros: os professores Carlos Nobre,José Goldemberg, Emilio de la Rovere, Eduardo Viola e Luis PInguelli, os ambientalistas Fábio Feldmann e Tasso Azevedo e duas estrelas em ascensão na política brasileira o Eduardo Campos e o Eduardo Paes. Além deles tiveram boa participação o senador Rodrigo Rollemberg e o e deputado e ex-governador Eduardo Azeredo. 

 Ficaram prontas as "recomendações" para a Rio + 20 e a COP 18 que  está sendo traduzida.   O "cenário" mais detalhado para 450 ppm/ 2 graus está sendo redigido e deve ficar pronto daqui a alguns meses. Trabalhamos as simulações e o processo de decisão com um software do MIT para simular influência de medidas concretas no aumento da temperatura média do planeta e o Machbeth, desenvolvido pelo professor Carlos Bana e Costa, na London School of Economics, um de nossos "facilitadores".

 Não pudemos fazer nessa ocasião a tal "negociação simulada" entre os políticos influentes pois faltou massa crítica sobretudo em relação aos americanos. Convidamos vários senadores e deputados, entre eles o John Kerry e a Susan Collins, que declinaram gentilmente alegando importantes afazeres em Washington ou não responderam. Parece que viajar para discutir temas ambientais não é eleitoralmente  bom para nenhum deles nesse período pré campanha...Vamos tentar de novo mais adiante. 

 As recomendações para a COP 18 foram amplamente consensuais: Cinco grandes propostas foram formuladas  para qualificar os passos iniciais rumo a uma “economia verde”:  1 – Rever o PIB como indicador-mor e fetiche do desenvolvimento:  desmatamento e acidente de trânsito  não pode mais ser contabilizada como crescimento econômico!  2 – Reformar  sistemas de tributos/subsídios ambiental e socialmente regressivos substituindo-os pela taxação da intensidade de carbono. Acabar com os subsídios aos derivados de petróleo e alocar boa parte dessa verba para compensação social para enfrentar  aumentos de preços que isso provocaria 3 -  Un New Deal verde planetário: um grande investimento público de governos e  bancos multilaterais em inovação tecnológica,  energias limpas, megareflorestamentos, reconversão de sistemas de transporte e saneamento básico gerando milhões de empregos.4 – Reconhecer o  valor econômico dos serviços ambientais prestados pelos ecossistemas. 5 – Uma  “Bretton Woods do baixo carbono” para uma nova ordem financeira global, com produtos financeiros  e  conversibilidade de moedas  lastreados na redução de carbono tentando trazer parte esse trilhões de dólares da bolha financeira internacional (seriam uns 78 trilhões!) para uma economia produtiva de baixo carbono.

  Em vez de se perder num texto vago e prolixo os negociadores da Rio + 20 deveriam ter trilhado esse caminho da simplicidade.  

 Na parte de "governança", que não vai avançou  nada na Rio + 20 por causa da crise na zona do euro e da campanha eleitoral americana,  recomendamos que as negociações do clima se estendam ao G 20 e que se institua um totem, um tipo "termômetro global" nas praças e ruas das cidades de todo o mundo assinalando mensalmente a progressão da concentração de gases de efeito estufa rumo a marca crítica das 450 partes por milhão(ppm).

 Nossa iniciativa pretende instituir-se como um think tank permanente sobre Clima, baseado no Rio onde foi assinada a Convenção do Clima, em 92. Ela coincide com uma ofensiva de mídia do "negacionismo climático" que nos EUA é fortemente financiada pela industria do carvão e do petróleo e que aqui encontrou vozes entre acadêmicos de  pouco prestígio e alguns pilantras em busca da fácil exposição que dá negar uma "verdade inconveniente". É exatamente como alguns médicos pagos pela indústria do tabaco, nos anos 60 e 70,  que  iam à TV dizer que não estava "cientificamente provado com precisão" que o cigarro provocasse câncer do pulmão. O fumante inveterado via aquilo e pensava: "poxa, se não está provado vou esperar para que estudem melhor"  e continuava  a fumar seus dois maços por dia... 

 O principal argumento desses pilantras, do "ciclo natural"  foi demolido pelo professor Carlos Nobre durante o encontro: de fato a Terra já passou por eras mais quentes e mais frias e existe um processo natural de alteração climática em vários ciclos. Só que esse se dá em centenas de milhares ou milhões de anos enquanto o aquecimento atual se concentra nos últimos menos de dois séculos. Nenhum cientista de primeira linha ou publicação científica séria dá o menor crédito `a falácia "negacionista" , que tem conseguido ultimamente adeptos à direta  e à esquerda (na velha turma stalinista!) e um espaço surpreendente em certas pautas jornalísticas para além dos tablóides e jornais de supermercado americanos que seriam seu habitat natural.

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