Economia verde é um conceito vago em busca
definições práticas claras. A Rio + 20 é uma oportunidade para esboça-las resultando em ações que ocupem o vazio do
capitalismo recessivo, especulativo, concentrador de renda, das últimas
décadas, com um novo ciclo de crescimento neo-keynesiano pelo viés da
sustentabilidade, forte geração de empregos como grande desafio de atrair
os trilhões de dólares da especulação financeira para uma economia produtiva de
baixo carbono precedidas de um forte investimento público bem direcionado.
Cinco grandes propostas foram formuladas pela
nossa iniciativa Rio Clima para
qualificar os passos iniciais rumo a uma “economia verde”: 1 – Rever
o PIB como indicador-mor e fetiche do desenvolvimento: a destruição ambiental e social não pode mais
ser contabilizada como crescimento! 2 - Promover um New Deal verde
global: um grande investimento público de governos e bancos multilaterais em inovação tecnológica,
energias limpas, megareflorestamentos, reconversão de sistemas de
transporte e saneamento básico gerando milhões de empregos. 3 – Reformar os
sistema tributários nacionais substituindo tributos/subsídios ambiental e
socialmente regressivos pela taxação da intensidade de carbono. Vamos parar de
subsidiar os derivados de petróleo e alocar boa parte dessa verba para
compensação social! 4 – Atribuir valor econômico a serviços ambientais
prestados pelos ecossistemas. 5 – Convocar “Bretton Woods do baixo carbono” para um novo sistema
de serviços, produtos financeiros e um novo
padrão de conversibilidade de moedas
relacionado `a redução de carbono que ajude a trazer parte esse trilhões
de dólares da especulação financeira internacional (são mais de 78 trilhões!)
para uma economia produtiva de baixo carbono.
Em vez de se perder no labirinto de um
texto prolixo os negociadores da Rio + 20 deveriam trilhar o caminho da
simplicidade. Essas cinco ações somadas às “metas de desenvolvimento
sustentável”, devidamente quantificadas, serviriam para assegurar o sucesso
possível da Rio + 20. A Rio 92 fechou as Convenções do Clima,
Biodiversidade e Desertificação e a Agenda 21 que já vinham sendo negociadas há
anos. Os dois temas da Rio + 20 estão apenas
no início de um processo de discussão na ONU. As negociações enveredaram por um
caminho verborrágico e declaratório que quer abarcar uma infinidade de temas
sem “amarrar” nenhum. Palavrório vago e abstrato, metas sem indicadores claros
e diluição das principais boas propostas. Se esses cinco singelos porem
revolucionários pontos de economia verde fossem aprovados para posterior
negociação de suas modalidades de implementação a Rio + 20 viraria um sucesso
retumbante. Ainda é tempo. Ainda é possível.
Nenhum comentário:
Postar um comentário