1 –
Metodologia e agenda
O objetivo
principal era avançar na definição da metodologia e da agenda para junho. Ficou
claro que quatro dias serão insuficientes para realizar nosso trabalho nas
melhores condições levando em conta, inclusive, que teremos as sessões de
abertura e encerramento com os convidados VIP, o show acústico de Gilberto Gil,
Andy Summers & amigos e a exposição científica do IPCC apresentando
os mais recentes dados sobre os feedbacks. Assim provavelmente
teremos mais um dia de trabalho (ainda decidiremos à luz da logística se será o
13/6 ou o 18/6). Os coordenadores e os relatores dos três grupos temáticos
deverão chegar e começar a trabalhar uma semana antes, pelo menos.
Definimos que os
três grupos: 1 - Mitigação 2 – Financiamento do baixo carbono
e 3 – Adaptação trabalharão numa metodologia de "construção de
cenários" com auxílio dos softwares do professor Carlos Bana e
do Travis Franck. A "negociação simulada", que é uma técnica
diferente, será feita numa reunião posterior, na parte final, apenas com os
políticos e formuladores de políticas públicas em cima de drafts preparados
pelos grupos (que chamamos streams). Isso reproduz melhor as coisas na
vida real. O exercício conduzido pelo professor Carlos Bana nos permitiu
entender a diferença entre “construção cenário” e “negociação
simulada” que não estava claro para mim no início. Foi um aporte
fundamental.
No grupo 1 (MT) a
tarefa inicial é:
1 -
Identificar, reunir e escolher os melhores e mais realistas
cenários já estudados e apresentados por instituições de excelência para uma
meta de 450 ppm. Idealmente selecionar uns 3 cenários --não precisa
inventar nada, estão por aí-- de preferencia, se for possível, um originário de
fonte norte-americana, uma europeia e uma do BASIC.
2 -
Organiza-los de forma compatível para um processo de análise comparativo,
alinhavados de maneira a podermos modelar com auxilio das ferramentas de
software que nos oferecem o professor Carlos Bana e Travis Franck ambos muito
importantes para nosso processo de construção de consensos a serem conduzidos
pelo Mark Young e Fernando Monteiro.
3
- Precisamos de imediato reunir as “fichas” sobre os países principais
emissores e dos segmentos da economia global que estarão “representados” no
RCC.
4 - Decidimos
não criar um grupo específico para a métrica. Travis Franck, com o pessoal do
MIT, trará uma proposta de métrica unificada para metas nacionais de
mitigação. Encomendaremos, à parte, a especialistas de comunicação visual o
nosso termômetro global, um totem que informe diariamente nas praças das
cidades de todo o mundo e na internet as atualizações da concentração de GEE na
atmosfera e sua aproximação do limite de 450 ppm.
Houve um
certo consenso de que na modelagem para a repartição dos compromissos de
mitigação a ação de um país não ficaria necessariamente restrita ao que possa
no seu território apenas mas que inclua o que possa fazer para corta-las onde
for mais rápido e fácil. Isso depende da criação de instrumentos de
conversibilidade muito mais ágeis que o MDL.
5 -
Teremos também um tarefa específica de “governança” que é “traduzir” nossas
conclusões para o idioma e para os canais específicos das COP e de eventuais
outros foros que no futuro possam vir a tratar da crise climática: G-20,
Conselho de Segurança da ONU, etc... Essa tarefa perpassa os três grupos e se
dá a posteriori, após a criação dos cenários de cada e após a negociação
simulada entre os políticos.
A questão da
inovação tecnológica também terá esse tratamento transversal. Cogitamos criar
um grupo específico de inovação na medida em que uma parte dos nossos
participantes, em Recife, acredita numa estratégia que passa por um intenso
investimento público em inovação energética como e melhor caminho prescindindo
de imposições legais e taxação à emissão de carbono. Para manter o espectro
plural dos nosso exercícios ponderamos criar um grupo no qual eles pudessem
desenvolver na plenitude esse seu cenário mas, afinal, optaram por trabalhar em
conjunto no stream MT com os outros participantes que seguem
um caminho mais de regulamentação, estabelecimento de limites de emissão (ou
divisão do “orçamento” global de carbono) e continuam referenciados, ainda que
criticamente, ao processo das COP.
No grupo 2
- Finance for low carbon stream (FLC) as tarefas são, por um lado,
aquela mais tradicional de modelar maneiras de distribuir aportes
nacionais e multilaterais para financiar a mitigação e a adaptação, mas, por
outro, envolve também inovação na área das finanças do baixo carbono.
Na preparação as
tarefas são:
1 - Examinar os
cenários de conversibilidade entre redução de carbono e finanças e tratar do
que, para efeitos de simplificação, foi apelidado de um “Bretton Woods do
baixo carbono”. Deverá examinar novos processos, operações e produtos
financeiros para a era do baixo carbono. Aqui também a tarefa preparatória é
reunir e selecionar as propostas que já existam e organiza-las para as
ferramentas de software que dispomos e para um processo de construção de
cenários.
2 - Reunir,
selecionar e adaptar os cenários-propostas sobre financiamento e ceritérios de
reparatição da conta que já circulam no sistema COP e alhures. Particularmente
desenvolver uma proposta baseada no histórico de emissões dos diversos países.
O grupo 3
- Adaptation stream (ADS) foi o menos concorrido e houve até
propostas para que não fizesse parte do nosso trabalho, em junho, dada a
extrema diversidade de ações necessárias e a complexidade para modela-las para além
da tradicional discussão de projeções de números a serem depositados no Fundo
Verde do Clima, da ONU --onde praticamente nada o foi até hoje-- e da
dinâmica que o tema tem nas COP.
No
entanto, considerando que nos nossos rápidos exercícios de projeção de
cenários usando o software do MIT apareceram cenários para lá de alarmantes com
aumentos de temperatura de 4.5 graus, até o final do século, mesmo
em cenários de forte inovação tecnológica e sem levar em conta os cenários
piores de feedbacks, ficou cristalinamente claro que é fundamental um
planejamento de contingência para desafios de adaptação gigantescos.
Decidimos
simplificar a tarefa do ADS para focar em dois grandes temas: alimentos
e águas. No primeiro modelar cenários que garantam a sobrevivência
alimentar na hipótese muito plausível de colapso da agricultura nas
regiões mais afetadas. No segundo, modelar para as várias frentes onde
água será um problema: sua escassez e também inundações, enchentes, elevação
dos oceanos, etc...
Para isso também
a tarefa é reunir, escolher e colocar em formato compatível com nossa
metodologia os cenários-propostas existentes para lidar com os riscos
alimentares futuros e o leque de contingências relacionadas com as águas.
2 – Estrutura e
tarefas
Contamos
com um time de primeiríssima no que diz respeito aos brasileiros já envolvidos
no RCC. Por outro lado, todos tem seus afazeres e não têm disponibilidade para
tarefas de coordenação, facilitação e relatoria dos 3 grupos. Por outro lado
entendemos, ao final da reunião de Recife, de que essas seriam tarefas
profissionalizadas. Deveremos buscar fazê-lo pagando diretamente pelo projeto a
pessoas físicas e/ou jurídicas e utilizando alguns recursos das comissões
parlamentares envolvidas.
Está claro
que precisamos de um pequeno núcleo profissionalizado para executar a tarefa de
reunir os cenários já propostos de mitigação e financiamento, selecionar os
mais factíveis, coloca-los de forma que possam ser discutidos a luz de nosso
processo de facilitação e ferramentas de software que queremos utilizar. Isso
longe está de ser uma tarefa trivial.
Em adaptação que
nossa amiga Aspásia Camargo aceitou coordenar o grupo mas é preciso formar duas
equipes que façam a identificação, triagem e adaptação das melhores propostas
relacionadas a águas e alimentos e também quantificar custos e propor cenários
para o financiamento da adaptação, embora com foco nesse dois tópicos.
4 – Formação dos
grupos de exercício e “delegações”.
Claramente nosso
maior problema são as lacunas na formação dos nosso grupos de exercício.
Evoluímos um pouco na proposta original para facilitar nossa vida. Não
trabalhamos mais com aquele conceito de “delegação” nacional composta pelos 3
segmentos. Passamos a considerar “delegações” apenas as dos políticos
e quadros de governo, na parte final do processo, quando
teremos a negociação simulada.
Na parte
de construção de cenários nos 3 grupos teremos uma participação indiscriminada
de todos os componentes, (inclusive políticos e gente de governo que já queira
participar já nessa fase de exercício) para a construção de cenários
prévios à "negociação simulada" propriamente dita.
E bom
frisar que mantemos aquele grupo supranacional com grandes ONGs, Banco Mundial,
outras multilaterais e segmentos da economia global: finanças, auto, carvão,
petróleo, agro, etc... e que serão alocadas nos grupos de acordo com o bom
senso. Poderão eventualmente também fazer exercícios de construção de
cenários entre eles.
5 –
Política
A reunião
de Recife foi um grande êxito político porque colocou nossa inciativa em foco
na mídia --todas as matérias foram favoráveis e algumas como a do Merval
Pereira de forte repercussão-- o que permitiu abrir caminho vencendo
certas reticências na área oficial. Tive oportunidade de apresentar o Rio/Clima
RCC à presidente Dilma Rousseff na reunião do Fórum Brasileiro de Mudanças
Climáticas, graças à inestimável ajuda do professor Luís Pinguelli. A
presidente, a princípio, gostou. Fortalecemos o envolvimento do governador
Eduardo Campos do prefeito Eduardo Paes, tivemos a confirmação da participação
do ex-presidente Fernando Henrique, na abertura e da secretaria executiva da
Convenção do Clima Chistiana Figueres, no fechamento. Vamos agora marcar com o
ex-presidente Lula e buscar establecer sinergias com outros eventos paralelos à Rio + 20 para garantir a presença de alguns Permios Nobel e ex-chefes de estado.
Abaixo a galeria de fotos do rencontro preparatório de Recife:
A reunião preparatória de Recife
Eduardo Viola(falando), Emilia La Rovere e Branca Americano
Sirkis e Pinguelli
Sergio Xavier, Aspasia, Eduardo Campos e Sirkis
Gil discursa. Ao lado Sérgiio Xavier, Sirkis e o governador
Governador assina decreto da política de baixo carbono
Governador Eduardo Campos e à esquerda Sérgio Besserman
Sirkis com Gil e André Esteves
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