20/08/2015

Automóvel: nu porém subsidiado


Boa metáfora: capotado dentro da ciclovia...
Mais uma vez o governo decide dar algum tipo de subsídio, sem contrapartida, para a indústria automobilística dessa vez com um juro menor nos bancos oficiais. Há uma simbiose de interesses entre as montadoras e a aristocracia operária que nelas trabalha lá onde foi “o berço do PT”. A decisão é apresentada como uma medida de proteção do emprego. Mas não foi feita nenhuma análise sobre em quais setores um juro bancário mais reduzido geraria mais empregos. Por exemplo, se o governo subsidiasse os juros e criasse linhas de crédito ao comprador de painéis solares para a geração distribuída estaria criando muito mais empregos num segmento de mão de obra bastante intensiva, em contraste com uma indústria automobilística crescentemente robotizada.

 Após a crise de 2008,  o governo Obama salvou a General Motors com doses cavalares de financiamento –que já foram reembolsados--  mas exigiu a adoção de padrões drásticos de redução de emissões de carbono e outros poluentes e estímulo ao desenvolvimento de modelos elétricos e híbridos. Aqui nada disso acontece e, até hoje,  não desenvolveram o óbvio que seria um carro híbrido a etanol de cana de açúcar.  Também não lhes ocorreu um plano agressivo de recompra de carros velhos e poluentes para financiar novos mais limpos.

  A indústria automobilística continua seu “business as usual” julgando que pode continuar ampliando indefinidamente a frota nas nossas cidades e fazendo lobby contra o medidas restritivas ao seu uso em horários e áreas críticas como a taxa de congestionamento. É só olhar o estado do trânsito nas cidades brasileiras –não apenas as grandes, as médias e pequenas também—para perceber que o rei automóvel está nu.


 Nu porém subsidiado, como sempre.

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