O ministro ainda não teve oportunidade de moldar o ministério a sua visão mas moderna e ao seu estilo proativo, dinâmico. A equipe que está lá ainda é a do Lobão. A postura em relação ao solar, sistematicamente boicotado e sabotado num passado ainda recente parece estar evoluindo. Vamos torcer para que o Braga consiga imprimir sua marca (e, a curtíssimo prazo, para que continue a chuva...)
Eis meu artigo publicado hoje por O Globo:
O SOL QUE TARDA
A produção de energia solar, em todo o
planeta, cresceu 39% em 2013. A Alemanha,
com duas vezes e meia menos insolação que o Brasil, já é capaz, em determinados dias de verão, de atender 40%
do consumo com suas “fazendas solares” e geração solar distribuída. A China em poucos
anos tornou-se uma potencia solar, conseguindo baratear seus painéis
fotovoltaicos em mais de 80%. Os EUA incrementaram seu solar em 418% entre 2010
e 2014.
A Índia prepara-se para
multiplicar sua capacidade solar instalada 33 vezes até 2022. O Brasil com suas
condições de insolação privilegiadas ficou para trás. Nesse momento de crise
energética aguda o solar, particularmente a sua geração distribuída --painéis
solares em edificações residenciais, comerciais, industriais e prédios públicos
alimentando a rede elétrica e abatendo a conta de luz-- ajudaria a prevenir uma sobrecarga já que sua
maior produção coincide com o horário de pico da demanda.
A solar distribuída é
fortemente geradora de empregos na instalação e manutenção de telhados e
fachadas fotovoltaicas. Reduz contas de luz em todos os segmentos sociais e
tipos de atividade. Estados como Minas Gerais já não cobram ICMS sobre
parte dessa geração distribuída, exemplo que precisa ser seguido nacionalmente.
A ANEEL entende não incidirem sobre ela PIS e Confins mas certas concessionárias ainda
insistem em cobra-los do consumidor/produtor. Cabe criar um regime tributário especial de estímulo inclusive à locação
ou leasing dos painéis solares. Facilitaria muito poder oferecer
ao usuário/produtor essa alternativa à compra de um equipamento que ainda
representa um investimento considerável.
É urgente permitir a negociação de créditos de geração distribuída
entre diferentes usuários/produtores na área de uma mesma concessionária
removendo restrições à "geração condominial". Atualmente um
crédito de energia distribuída só pode beneficiar o titular de CPF ou CNPJ que
o produziu.
Ao contrário do que ocorre
em países como a Alemanha, o solar no Brasil não dispõe --nem
reivindica-- da chamada fead in tarif , um preço preferencial
para compra compulsória da geração solar por parte das concessionárias e que
pode chegar a quatro vezes o preço da energia por elas fornecida.
A forma de compensar a ausência desse mecanismo --que cria distorções mas favoreceu a grande
expansão recente, na Europa-- é incluir o solar distribuído em programas
públicos de moradia e de infraestrutura como, por exemplo, Minha Casa Minha Vida.
Outra seria baratear mais ainda o custo dos painéis solares e estimular
industrias de montagem dos mesmos no Brasil suprimindo o imposto de importação
sobre as células fotovoltaicas por um tempo determinado, desde que os painéis sejam montados no Brasil
com os demais componentes (partes metálicas, inversores, etc...)
fabricados aqui. A curto prazo não há como competir com os preços
das células fotovoltaicas chinesas. Para que isso possa acontecer, no futuro,
entre outras coisas é preciso criar um robusto mercado solar no Brasil.
Nesse interim uma indústria montadora irá gerar muitos novos empregos ao mesmo
tempo que expande o mercado. Depois de subsidiar pesadamente combustíveis
fósseis como o petróleo e o carvão e realizar enormes investimentos em
barragens vulneráveis às mudanças climáticas trata se de um módico
empurrãozinho. Já é tempo de acordar e
abrir nossas janelas para esse sol que tarda.
Oi Sirkis Gostaria de saber se a energia solar pode ser usada em pesquisa científica de laboratório Helenice
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