O ponto mais obscuro de toda essas história é
o da “caixa preta”. Inicialmente aceitei com naturalidade a informação de que a
mesma continha apenas gravações de voos anteriores implicando um menor rigor em
relação a “caixas pretas” em jatinhos executivos que em voos de carreira. Esse amigo, no entanto, me esclareceu que esta informação é tão
estranha quanto se estivesse relacionada ao um avião comercial. Não há
diferença entre o tratamento da “caixa preta” num voo comercial ou de jato executivo. Em
ambos os casos ela é um item de segurança vital. Decolar com ela desativada
para o voo em curso é um gravíssimo erro de segurança totalmente vedado.
Curiosamente a conclusão da investigação não parece abordar essa questão, pelo
menos nas conclusões divulgadas pelo jornal. Outro elemento de estranheza seria o fato da “caixa
preta” ter sido levada para Brasília por militares quando o laboratório que
normalmente fazer essas transcrições está em São Paulo. Esse não seria o
procedimento normal.
Na versão inicialmente vazada à imprensa, poucos dias depois do acidente, o piloto
depois de ter arremetido, em consequência de uma aproximação mal feita, teria decidido voltar à pista sem subir até a altura devida, portanto
permaneceu em baixa altitude e teria
efetuado numa curva demasiado fechada que teria levado o jatinho a “estolar”
sem que ele tivesse conseguido evitar a queda.
Era uma “barbeiragem” absolutamente surpreendente para um piloto de
vinte anos de experiência. A nova versão, antecipada pelo Estadão, é ainda mais incrível: ele teria sido vítima
de “desorientação espacial” logo depois da arremetida, não teria se dado conta
de que na verdade o Cessna voava de cabeça para baixo e ao acelerar para ganhar
altura estaria na verdade acelerando em direção ao solo.
Mas
como o jato ficou de cabeça para baixo depois da arremetida? A informação
atribui o fato a um recolhimento equivocado de flaps. Estando a baixa altitude,
sob as nuvens, como o piloto não percebeu que estava, visualmente ou pelos óbvios
efeitos da gravidade??? Impossível não é mas, convenhamos, soa um tanto
inverossímil. Outras circunstâncias contribuem
para tornar o caso ainda mais obscuro: até pouco antes da viagem fatal Marina
Silva estava programada para voar junto, ela decidiu um pouco antes não ir mais
à programação de Santos onde havia o risco de um encontro indesejado com o
governador Geraldo Alkmin e queria chegar mais cedo em SP acabou indo para
Congonhas num voo da TAM. Assim
salvou-se por um triz. Os adeptos de teorias conspirativas sustentam que ali
houve uma tentativa de livrar-se de ambos e dão como argumento que há mais de
22 mil desses aviões em uso e esse foi o primeiro acidente fatal com ele. Tenho
grande dificuldade de acreditar nisso e acho que apesar da inexplicável
historia da “caixa-preta” a hipótese
mais provável ainda é a de um trágico acidente, mas a aparente conclusão do
inquérito da FAB não reforçou em mim essa convicção, muito antes pelo
contrário. Penso que caberá uma investigação independente com peritos
internacionais para dar um fecho convincente à tragédia.
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